Qual a razão de limitar os
créditos de passagem do estudante? Isso é uma pergunta que não se cala e
indigna. Pois bem, o estudante tem um limite máximo de cento e vinte meias
passagens por mês. Não é o suficiente. Esse limite não deveria existir. São
três tipos de limite: o primeiro com o máximo de 70 (setenta), o outro com
máximo de 90 (noventa) e o maior com o máximo de 120 (cento e vinte). E passar
de um para o outro é necessário provar com muitos documentos. Isso gera um
transtorno, pois o estudante deve ir local de gerência para solicitar o aumento
a cada semestre. Burocracia!
Só o fato de ir ao local de
gerência já gera deslocamento. Se gasta no mínimo duas passagens. Uma pra ir e
outra pra vir. Para eles o estudante só deve ter passagens para ir ao local de
estudo (escola, universidade, curso,...) e para o estágio curricular, pois se
for outro tipo de estágio o estudante não terá direito a meia passagem. E se
quiser pegar um ônibus para uma atividade como lazer ou outros fins, inclusive
a de ir para o local que aumenta os créditos, simplesmente o estudante não tem
direito de pagar a meia passagem ou deverá abrir mão de, no mínimo, dois
créditos de passagem para resolver outros fins. Será mesmo que o estudante só
usa o ônibus para ir ao local onde estuda ou faz estágio curricular? Será que
ele não tem o direito, sequer, de pagar uma meia passagem para visitar um
zoológico, ou ir a um teatro, cinema, parque, etc.? Pois é, o estudante não tem
esse direito. Vive, assim, um verdadeiro drama, pois além de ter um transporte
limitado, uma educação limitada, ele também tem meias passagens limitadas.
Agora vamos supor que o
estudante foi lá no estabelecimento burocrático do governo do estado e
conseguiu aumentar o seu limite de crédito ao máximo (120). E esse estudante
faz um estágio que não seja curricular e precise de uma passagem de ida e outra
de volta. E ele, ainda, precise pagar duas passagens de ida e duas de volta
para ir ao local de estudo. Será que dá para passar o mês? Não. Esse aluno faz
estágio pela manhã e estuda à noite, por exemplo. Como é inconveniente que ele
vá do estágio direto para a faculdade ele prefere passar a tarde em casa ou em
outro lugar para outras atividades. E, no sábado, ele precisa ir ao local de
ensino pela manhã, pois tem aula. Agora, veja os cálculos. O mês de agosto de
2013 teve 22 (vinte e dois) dias úteis e 5 (cinco) sábados. Olhe o custo para o
estudante:
22 (dias úteis) X 6 (passagens por dia) = 132 (passagens no mês);
5 (sábados) X 4 = 20 (passagens no mês).
132 + 20 = 152 (total de passagens no mês).
Esse estudante gastou 152 passagens só
pra fins educativos e ultrapassou o limite de 32 passagens. Agora vamos ver
quanto custa isso no bolso do estudante. Como a passagem do anel A custa
aqui no Recife e a meia custa
os
cálculos ficará assim:
120 (passagens) X R$ 1,10 (valor da meia passagem) = R$132,00 (meia passagem);
32 X R$ 2,15 = R$ 68,80 (passagens inteiras).
R$ 132 + R$ 68,80 = R$ 200,80.
No mês esse estudante desembolsou R$ 200,80 (no mínimo) para o transporte público de péssima qualidade. Com esse
valor ele poderia investir muito mais em seu potencial humano. Caso tivesse
meia passagem ilimitada ele iria economizar, no mínimo, R$ 33,60.
Agora pensemos no outro lado. Um país se
desenvolve mais quando a educação é de qualidade e não quando apenas está em
pleno emprego e o consumo é enaltecido. Vale dizer que transporte público está
ligado a educação. Claro. Se economizar no transporte o estudante poderá
investir em seu potencial humano. Será um estímulo para o estudo. Passagens
mais baratas seriam melhor para qualquer estudante. A meia passagem sem limite
é o mínimo que o governo pode subsidiar para a educação já que o capital humano
precisa de estímulos por criar grandes retornos sociais.
Uma nação mais educada gera menos custos
para o governo, mais riqueza para o país. É uma tolice limitar a meia passagem
do estudante. Isso é o mínimo que o governo pode fazer. Ou é melhor com esse
preço altíssimo de passagem impulsionar os estudantes a comprarem veículos e
encher a cidade gerando engarrafamento e aumentando o risco de acidentes?
O estado penaliza o estudante, ou o
cidadão gerando desconforto para a maioria afim de que vendam mais veículos com
o intuito de gerar engarrafamentos e inventar obras públicas de mobilidade.
Modificando a cidade sem planejamento sólido e opinião pública só para dar
trabalho e renda às grandes empresas de engenharia civil que investiram em sua
campanha.
Existem inúmeros exemplos de retorno
sociais positivos que a educação proporciona. Com educação se diminui a
violência. Cadeias seriam menos lotadas. Famílias seriam mais sustentáveis. Seriam
exportados produtos de altíssima qualidade graças às técnicas que só se tem com
capital humano. Consequentemente o Estado seria mais rico. Imagine um estádio
lotado por pessoas bem educadas? Como seria a sua torcida organizada? Talvez
nem precisasse separar as torcidas. Pois educação gera respeito. Gera
generosidade. Certo que essas coisas começam em casa, mas é muito difícil ver
alguém com altíssimo capital humano cometer atrocidades. Mais turistas seriam
atraídos. Quem não quer ir a um lugar que além de bonito as pessoas são
educadas? Pernambuco poderia até ser modelo para outros lugares.
E por que não começar tudo isso liberando
meias passagens sem limites para os estudantes? E por que não incentivar a
educação através da mobilidade? Daí já se entra outro discurso. Por que não
deixar o passe livre para aqueles que não têm como pagar a passagem? Certamente
esse estudante trará retornos bem maiores para sociedade por que um dia alguém
pagou o seu transporte. Basta ver que num mundo moderno a mobilidade e a
educação são essenciais, mas não podem ser tão caras.